domingo, 9 de maio de 2010

«Ce sont les regardeurs qui font les tableaux»
Dizias sempre que a tua relação com a filosofia, era uma coisa muito simples. Reduzia-se a um cruzar de olhos castanhos entre dois desconhecidos, numa carruagem de metro, em Lisboa, à hora de ponta. Como se não bastasse envolveres-te em conceitos, agora dás em poesia visual, e pões no flirt de um verão qualquer, uma parte da tua cabeça. Eu pedia-te que me explicasses pelo menos, porquê castanhos, se na minha cinematografia sobre a existência, os olhos claros fariam parte de qualquer capítulo mais ou menos priviligiado de um jogo casual entre corpos.
Tu dizias-me, sem grandes certezas, como sempre, que se os meus olhos eram castanhos, farias deles tudo o que eu te pedisse para com eles fazeres e pensarias sobre eles, tudo o que, na minha cinematografia, eu pensaria fazer, a partir de uns olhos claros.